Cortando o estado de Minas Gerais, o circuito que homenageia um famoso autor nos traz muito mais do que uma aventura sobre duas rodas!
Minha aventura pelo sertão de Minas
Minas Gerais, um dos maiores estados brasileiros e cheio de cultura. O estado é conhecido por ser o berço da mineração do país, tendo muita importância no ciclo do ouro no século XVIII pelas suas jazidas de ouro e diamante principalmente. Devido esse fato histórico, é possível perceber muita influência da época colonial por lá.
Fora isso, Minas também é o estado em que Guimarães Rosa nasceu, um dos maiores escritores do século XX.
Devido ao seu relevo, é possível encontrar várias rotas para se fazer de bike, incluindo também o Circuito Guimarães Rosa, que eu participei do início ao fim!
Agora, que tal conhecer um pouco mais a fundo sobre a minha aventura?
Parte 1: Curvelo
Nesta primeira parte do meu trajeto, apresento a vocês a cidade de Curvelo, que fica na entrada do sertão mineiro e faz parte do Circuito Guimarães Rosa. Ao longo do caminho, também visitei o município de Cordisburgo, local onde o escritor e poeta homenageado nasceu.
Por ser um município muito pequeno, Curvelo ocupa o 14º lugar no ranking das 50 menores cidades brasileiras que apresentam melhor desenvolvimento econômico, segundo estudos recentes. Fora isso, também é cortado por uma das ferrovias mais importantes do país, a Linha do Centro da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, além da Variante de Curvelo da Ferrovia Centro Atlântica (FCA). A ferrovia interliga o município à Belo Horizonte, ao Rio de Janeiro e às cidades de Montes Claros e Monte Azul, no norte do estado, sendo então um importante ponto de parada para o transporte de cargas. Além disso, também presenciei a Festa de São Geraldo, que já acontece há mais de 100 anos na cidade!
Cordisburgo também faz parte da Linha do Centro da Estrada de Ferro Central do Brasil, além de ser o local de nascimento do escritor Guimarães Rosa. A composição do nome Cordisburgo é mistura das palavras “Cordis”, que do latim significa Coração, e “Burgo”, que do alemão significa cidade, resultando no nome “Cidade do Coração.
Guimarães Rosa foi um dos maiores escritores e poetas brasileiros do século XX. Suas obras são muito famosas pelas inovações de linguagem, sendo marcada pela influência de expressões populares do sertão mineiro, que quando somados à erudição do autor, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e sintáticas. Suas obras mais famosas são “Grande Sertão: Varedas” e “Sagarana”.
Parte 2: Cordisburgo e Guimarães Rosa
Nessa segunda parte do meu trajeto, mostro a vocês com um pouco mais de detalhes a cidade de Cordisburgo, a Cidade do Coração como diz o nome.
O município na verdade é um antigo distrito criado entre 1890 e 1891 com a denominação de Cordisburgo da Vista Alegre, que só a partir de 1923 ficou conhecido apenas como Cordisburgo. Antes, a região era subordinada ao município de Paraopeba, mas foi elevado à categoria de município em 17 de dezembro de 1938.
Durante a minha estadia, visitei a capela do Patriarca São José, construída em 1883 pelo então fundador da cidade Padre João de Santo Antônio. A sua construção foi o marco de criação da cidade de Cordisburgo devido à grande influência da religião católica trazida pelos colonos.
Também conheci a Praça do Miguilim, que homenageia Guimarães Rosa com o nome de um dos personagens do romance “Manuelzão e Miguilim”. O livro é dividido em duas novelas, que narram a vida dos dois personagens a partir dos seus pensamentos e conversas. Por fim, visitei o Museu Guimarães Rosa, antiga casa onde nasceu o escritor, que foi reformada e transformada em museu em 1974, após passar por vários proprietários. Os visitantes são recebidos por jovens voluntários que contam histórias sobre o escritor e narram trechos de suas obras.
Parte 3: Passeio por Cordisburgo
Ainda em Cordisburgo, conheci mais alguns pontos turísticos do pequeno município de Minas Gerais. Hoje, lhe apresento a Paróquia Sagrado Coração de Jesus, que foi construída também pelo fundador da cidade Padre João de Santo Antônio. Sua obra foi iniciada em 1884 e concluída em 1894. Com sua deterioração, a igreja acabou sendo demolida e reconstruída em 1960.
Também aproveitei e fiz um passeio pelo centro de artesanato de Cordisburgo “Bigorna”, uma pequena casa onde é possível encontrar diversas lembranças do sertão mineiro, além de presenciar um pouco da produção literária e cultural da cidade.
Em seguida, conheci a Gruta do Maquiné, uma belíssima paisagem natural descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné, que hoje é considerada o berço da paleontologia do Brasil. A partir de 1834 a gruta foi explorada por Peter Wilhelm Lund, um naturalista dinamarquês.
Por fim, também visitei a “Casa Elefante”, que é uma casa construída em formato de elefante pelo escultor Stamar, popularmente conhecido como “Tazico”. Buscando tornar sua obra mais atrativa, houve a caracterização do elefante seguindo a temática indiana, cujos artefatos ganham muitas cores e brilho.
Parte 4: Diamantina
Na quarta parte da minha aventura, começo meu pedal a caminho de Diamantina, cidade com mais de três séculos de fundação, passando de povoado a arraial até chegar a município. Essa cidade é rica em história e tradições, possuindo um patrimônio arquitetônico, cultural e natural rico e preservado. Diamantina é uma das cidades mais importantes durante do ciclo do ouro no Brasil, sendo então fundada a fim de abrigar os exploradores de suas minas pela alta quantidade de ouro e diamante.
Viajando por mais alguns quilômetros, visitei a Cachoeira do Telesforo, que tem uma linda praia de areia branca devido a atividade garimpeira no ciclo do ouro. A vista é maravilhosa, com várias piscinas naturais que desaguam na cachoeira.
Também conheci a Carvoaria de Diamantina, local onde é possível conhecer um pouco mais do processo da produção de carvão em fornos de barro.
Parte 5: Passeio por Diamantina e Serro
Para fechar com chave de ouro, encerro minha aventura por Minas Gerais na cidade de Diamantina, passando por vários pontos turísticos. Conheci um pouco do centro histórico da cidade, que mostra o estilo colonial das casas e ruas, assim como a importância do município durante o ciclo do ouro no Brasil.
Ainda no centro histórico, conheci o famoso Passadiço da Glória, formado por duas construções de épocas distintas. A casa da direita é datada do final do século XVIII e foi residência oficial dos intendentes do distrito diamantino; já a da direita é datada do século XIX. O passadiço que faz a comunicação de um ao outro lado da rua foi construído em 1870. Desde 1979, o conjunto pertence a Universidade Federal de Minas Gerais, oferecendo atrações como o Memorial do Colégio Nossa Senhora das Dores, a Sala de Minerais e outros acervos expostos.
Além disso, também visitei a Casa de Chica da Silva, que é um casarão histórico construído na segunda metade do século XVIII, que entre os anos de 1763 e 1771, serviu de residência a Chica da Silva, uma ex-escravizada que foi alforriada e seu companheiro comendador João Fernandes de Oliveira. É um patrimônio cultural, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Por fim, segui meu percurso pelo Distrito do Milho verde, que faz parte do município de Serro e situa-se na região do Alto Jequitinhonha, próxima à nascente deste rio. A história do lugarejo é enriquecida por fatos como a descoberta dos primeiros diamantes da região e além do mais é a terra de Chica da Silva, já que esta nasceu na região hoje conhecida como Baú, um pequeno lugarejo que compõe o distrito de Milho Verde.
Para finalizar minha aventura com chave de ouro, conheci a belíssima Cachoeira do Tempo Perdido, localizada em Serro. A cachoeira é bem alta, com aproximadamente 22 metros de altura e forma um poço raso de 1 a 2 metros de profundidade. Fora isso, também é possível contemplar a paisagem por trás da queda d’água em um banco de areia.
Com certeza essa viagem me trouxe memórias inesquecíveis! Agora, convido você a vir maratonar essa série no meu canal do YouTube!